Pessoas, comunicação e organizações: há como separar?

Em um contexto que passa por constantes transformações possibilitadas por questões como crise financeira (hoje agravada pela pandemia do Coronavírus), atuais arranjos de mercado, era digital, novo perfil de colaboradores e empreendedorismo, a visão acerca das organizações também vem mudando. Isso se dá, especialmente, através de pressões mercadológicas e sociais. As empresas meramente comerciais ou preocupadas apenas com os seus “clientes finais” estão começando a dar lugar à percepção de que são formadas por pessoas. Parece óbvio? Se assim o fosse, esse não seria tema de discussão, principalmente, quando, em meio ao COVID-19, há quem coloque em dois polos: manter as empresas funcionando presencialmente (serviços não essenciais) X “quebrar”. Para essas empresas a vida importa?

Diante disso, destaca-se também o poder e a responsabilidade da comunicação. Se as organizações são feitas por pessoas e para pessoas, é seu dever trabalhar de forma responsável para a construção de uma vida organizacional melhor e também de uma sociedade melhor. A sociedade, por sua vez, de posse de mais conhecimento e difusão desse, vem apoiando a existência de mais organizações socialmente responsáveis.

A comunicação não pode ficar alheia a todas essas transformações. É através dela que se abre espaço para a participação e para o engajamento dos públicos, para o fortalecimento da imagem institucional, para a construção da reputação e, finalmente, em um sentido macro, para a mudança que se espera do mundo e dos negócios. Portanto, é papel da comunicação tornar as organizações mais próximas da sociedade, informar, transmitir e torná-las mais socialmente saudáveis. Quantas não têm usado a sua influência para tentar conscientizar trabalhadores e população em geral a respeito da atual necessidade de distanciamento social? Cidadania e comunicação são vias de mão dupla: direitos e deveres, emissores e receptores, ação e reação, troca e diálogo.

Há como separar pessoas, responsabilidade social, cidadania, mundo, comunicação e organizações? Aqui não se fala em conceitos “românticos”, porém imprescindíveis, da gestão de pessoas e da comunicação social, mas também em produtividade, adaptação, resultados, crescimento, reconhecimento de marca e cooperação. Ainda que os gestores se preocupem com os lucros (e devem permanecer nessa busca para que empregos sejam mantidos e oportunidades de trabalho sejam criadas), cabe também aos comunicólogos, enquanto profissionais e cidadãos, alertá-los quanto à necessidade de uma sociedade melhor e agir estrategicamente para possibilitar que isso se torne realidade.

Que viabilizemos voz, participação, pertencimento, melhorias sociais e reconhecimento real das pessoas.

Andrea Marnine
Relações Públicas com MBA em Gestão de Pessoas
MBA em Marketing Estratégico em curso
Idealizadora da Marcô Coletivo de Comunicação

 

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