Representatividade na aprendizagem baseada em problemas

Aprender é incrível e surpreendente. Um dos motivos pelos quais eu sou inteiramente apaixonada por minha profissão de Relações Púbicas (RP) é exatamente esse. Todo RP precisa (sim, precisa) ter sede de aprendizado. Nós mergulhamos em diversas outras profissões para entendê-las (a elas e às pessoas). Como construiríamos relacionamentos sólidos, reais, profundos e frutíferos se não entendêssemos um pouco de cada área em que atuamos dentro do nosso papel (não há como nos comparar a quem se dedicou anos a uma determinada atividade, entre outras coisas)? São muitas pesquisas, observações, conversas, vivências, entendimento do outro, dos seus valores e propósitos… É fascinante!

 

Uma Verdade Marcante que precisa ser dita… Foto de 2019!

 

Estou elaborando uma proposta técnica para uma concorrência para a criação e a execução de uma campanha de vestibular para um centro universitário baiano e me deparei com o seguinte: PBL (Problem Based Learning) ou, em bom português, ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas). A existência do termo é nova para mim, mas tenho praticado o seu conceito há muitos anos, pelo menos desde que me lembro de mim enquanto profissional. Diz-se que esta metodologia é o que há de mais moderno no ensino superior. É uma estratégica pedagógica voltada para os alunos por meio da qual eles próprios devem construir o conhecimento conceitual, procedimental e atitudinal através de problemas propostos. Claro que tudo isso incentivado pelos professores. Acredita-se que assim haja um estímulo maior e uma melhor preparação para o mercado de trabalho. Fantástico!

A gente fala e luta tanto por representatividade e vem pensando, de forma muita justa, sempre em questões raciais, de gênero, de religiosidade e tantas outras na busca pela inclusão e diversidade (ainda mais intensificada a partir do momento que começamos a trabalhar com a Pontos Diversos, que orgulho fazer parte disso tudo!), que, às vezes, se esquece de encontrar essa representatividade para si também em outras esferas. Foi isso que encontrei quando me vi lendo sobre a aprendizagem baseada em problemas: me encontrei ali e tinha esquecido como é se reconhecer no outro (até hoje ao ler sobre ABP e ontem ao assistir ao filme “O estagiário” e ver a personagem interpretada por Anne Hathaway, uma empresária Workaholic, e a inserção de idosos no mercado de trabalho, que é um dos planos da Marcô). A gente fala, mas precisa viver isso: reconhecer-se gera um misto tão pulsante de emoções e encaixe no mundo que falar sobre nós mesmos pode contribuir para o outro. É por isso que trago aqui algumas vivências para vocês!

Lembro muito de Mateus (Gonçalves, RP na Marcô) quando era estagiário: ele me vinha sempre com reflexões sobre como poderia fazer tal atividade e comparações com o que via na faculdade e eu buscava pontuar que estava tudo certo com o teórico, no entanto, mostrava que, na prática, alguns ajustes precisavam ser feitos e os motivos para isso. Talvez ele não imagine o quanto isso me fez crescer também, remexeu os meus conhecimentos e fez meus olhos brilharem!

 

Em ordem: Levi Gomes, Milla Amaral, Andrea Marnine e Mateus Gonçalves trabalhando juntos, em 2017, em uma agência de Salvador, ou seja, antes mesmo da Marcô existir!

 

Em Salvador, costumamos falar em instituições de ensino teóricas X instituições de ensino voltadas para o mercado de trabalho. Acredito que uma fusão desses dois “mundos” seja uma saída coerente e mais benéfica para os futuros profissionais, que, talvez por não viverem isso, têm tanto medo deste tal mercado que mais parece um monstro para tantos, como mencionou Polly (Giffoni, parceira oficial da Marcô) na nossa última Vivência Marcante sobre Comunicação, empreendedorismo, gente e vida real, que aconteceu no mês de agosto. Isso me marcou muito porque eu amo o mercado de trabalho e sei também que ele é, muitas vezes, cruel. Polly está certa e é justamente por ela estar certa que tenho trabalhado novos arranjos de mercado na tentativa de contribuir para que ele mude e passemos a vê-lo de outra forma. Essa é uma das razões da existência da Marcô!

 

 

Aqui, busco incentivar na equipe o olhar crítico sobre os detalhes aparentemente mais simples (muitas vezes, só parecem), a visão estratégica sobre cada atitude e demanda, o entendimento real sobre o porquê de absolutamente tudo, a possibilidade de se enxergar vários ângulos em um mesmo problema e, finalmente, como resolvê-lo unindo todas essas práticas. Esse é o tipo de visão que, para mim, cria um dos maiores diferenciais em relação aos profissionais e aos resultados alcançados.

Uma das formas que encontrei para incentivar ainda mais isso na nossa equipe foi a criação de um grupo de WhatsApp chamado “Marcô | Grupo de Análises”. É através dele que discutimos a maior parte das situações, das peças, das ações, dos posicionamentos, dos problemas, das soluções praticadas, das campanhas (nossas e de outros que vemos nas ruas, na TV aberta, nos filmes/séries, nos jornais, nas redes sociais, nas conversas com os amigos, em outros grupos de WhatsApp/Telegram…) e refletimos sobre tudo, ouvindo, debatendo e entendendo a visão e a opinião de todos dentro dos seus lugares de fala profissionais e pessoais. Já notaram como o nosso repertório de vida muda completamente a forma que vemos as coisas?

 

Print de uma das nossas mais discutidas análises: a #TercaFeiraPreta / #BlackOutTuesday

 

Marina (Braga, parceira extraordinária da Marcô), recentemente escreveu um Relato Marcante para o nosso LinkedIn citando justamente esse grupo:

“A surpresa positiva foi receber de Andrea (mais conhecida com Boss! Haha…) um cuidado muito atencioso para me passar experiências e informações sobre o trabalho e uma das coisas mais legais desse período, para mim, foi o Grupo de Análises em que discutimos casos pensando na comunicação. Neste grupo, pude exercitar ainda mais meu olhar para as situações relevantes que envolvem as mídias, aprender com opiniões diferentes e perceber a importância de realizar algumas discussões sobre posicionamento e coerência. Essa experiência reforçou em mim a importância do diálogo e da ideia de que uma opinião divergente não invalida a outra, apenas traz um ponto de vista diferente, que pode se juntar aos demais para uma análise mais complexa de determinado caso.”

Ah, lá no LinkedIn, pedi para retirar essa parte do “Andrea”, pois, embora eu ame elogios (senti como um elogio! Rs…), achei que talvez não coubesse ali, mas aqui mostra como as experiências trocadas neste ambiente são importantes!

Nesse grupo, podemos também conhecer e tentar entender melhor as visões de Maiana (Marques, jornalista e fotógrafa na Marcô) e de Caíque (Nascimento, designer na Marcô), que muitas vezes guardam para si as suas opiniões se não forem estimulados a falar, ou de Gio (Marques, jornalista e social media na Marcô), que costuma opinar, mas que é recém-chegada na equipe. Ele ainda contribui para nos prepararmos para o que pode vir pela frente: crises, problemas, questionamentos, incertezas, desafios, resoluções, saídas… Esse espaço é muito para isso, para a abertura de mentes, vozes e olhares, principalmente, porque eu sou sempre tão veemente nas minhas colocações que confesso sentir receio de não deixar transparente esse desejo de acolher o pensamento dos meus colegas. Que orgulho de ter criado esse lugar e vivenciá-lo dessa forma. Que oportunidade é ouvir a equipe, trocar e aprender com cada um.

Que tal criar também os seus espaços de fala e escuta?!

Andrea Marnine
Relações Públicas com MBA em 
Gestão de Pessoas e em Marketing Estratégico
Idealizadora da Marcô Coletivo de Comunicação

 

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