“Alta cultura” e comunicação

Quem não tem aquele amigo que morre antes de admitir que assiste Big Brother? Aquele que diz que novela é algo de pessoas que não possui “cultura” e promove a alienação do público, ou aquele que detesta filmes block busters porque acredita que eles existem apenas para fortalecer a máquina de dinheiro de Hollywood?

Alguns desses não estão errados, de fato, há filmes que prezam muito mais a bilheteria do que a qualidade, porém, reconhecer essas características é essencial na hora de desenvolver o raciocínio crítico.

Assim, é importante ressaltar que nem todos os block busters são ruins, nem as novelas fazem parte desse grande esquema de alienação popular e sempre é possível tirar um estudo social de um reality show. A questão aqui, no entanto, não é gostar ou deixar de gostar de programas semelhantes, mas dizer a vocês que: se você trabalha com comunicação, é mais do que necessário conhecê-los.

Há anos estamos estudando os impactos da mensagem sobre o público, já construímos teorias, refutamos outras com a finalidade de nos aproximarmos cada vez mais dele. Já passamos por várias fases na pós-modernidade, caminhamos do simples estímulo e resposta e chegamos até aqui, onde a nossa principal função é dialogar com as pessoas de forma clara, entendível, sempre tendo em mente seus gostos, desejos, inquietações. Na segunda década deste século, nosso público deixa de ser um mero aglomerado de pessoas e se torna uma persona. Uma pessoa individual, com sentimentos individuais, que responde a estímulos únicos. Conversar com essa persona é estreitar laços, é construir uma ponte segura entre a empresa e o cliente e, às vezes, este diálogo, por exemplo, precisa apenas de uma referência ao último episódio de Segundo Sol, sem as amarras do juízo de valor, trabalhando esses produtos culturais como uma linguagem, um assunto em comum.

Dessa forma, algumas empresas sempre se destacam por saberem conversar com a teledramaturgia como nenhuma outra ou criarem um forte relacionamento com um determinado cantor, tornando-o a cara da sua instituição, ou até mesmo por trazerem pautas mais atualizadas para as redes sociais, utilizando memes ou outras brincadeiras que remetam a produções que estão na boca do povo.

Não é crime gostar de algo que não faça parte de uma “cultura elitizada”, muito pelo contrário, é mais do que bem-vindo, isso nos torna profissionais mais humildes, criativos, que sempre sabe encontrar a melhor forma de conversar com o público. Além disso, você ainda pode acompanhar realities shows sensacionais, sem as correntes do “culto” e do “não-culto”. Tente, talvez descubra um mundo inteiramente novo.

 

Mateus Gonçalves
Relações Públicas