Redes sociais no combate às fake news

As fake news têm sido bastante discutidas ultimamente pela intensificação nos seus compartilhamentos que as redes sociais proporcionam. Justamente devido à essa realidade, as maiores plataformas vêm desenvolvendo políticas de combate à divulgação e propagação de notícias falsas.

O Twitter, por exemplo, nos últimos anos tornou as regras mais rígidas para o combate às informações falsas, assim como discursos de ódio, bullying e preconceito. As contas suspeitas são avaliadas por sistemas automatizados ou humanos e as postagens passam por um sistema de checagem de fatos, além da possibilidade de denúncias feitas pelos usuários. Um grande número de contas já foram desativadas ou bloqueadas e os tweets aparecem com mensagens sobre o motivo que impede a circulação. Tweets do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Donald Trump já passaram por esse filtro e foram impedidas de serem divulgados.

O Facebook também vem apresentando novas políticas de combate à desinformação. A criação de bots para checagem de fatos e contas de políticos foi uma das medidas tomadas em 2018 e desde então as iniciativas foram intensificadas, principalmente, com relação ao processo eleitoral. Em setembro de 2020, foi anunciada a divulgação dos valores investidos por partidos e políticos em propagandas eleitorais realizadas na plataforma, além do cadastro necessário de ser feito para impedir financiamento de contas de fora do país.

No Instagram, as medidas se concentram nos sistemas automatizados, empresas independentes de checagem de fatos e denúncias dos usuários para tirar do ar mensagens suspeitas.

Já no WhatsApp, a empresa limitou o número de contatos para os quais o usuário pode encaminhar uma mensagem. A ação visa dificultar a disseminação das notícias falsas propagadas em larga escala.

O combate às fake news tem suscitado discussões a respeito das responsabilidades. Apesar de já existirem regulamentações judiciais a respeito da questão, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, se pronunciou a favor da responsabilização das plataformas digitais no combate e limitação da propagação de informações falsas, argumentando a incapacidade do judiciário de lidar com a velocidade com a qual a publicação de informações acontecem na internet, e a possibilidade das plataformas desenvolverem sistemas capazes de contornar a situação. O advogado Luciano Caparroz, Diretor do Movimento de Combate à Corrupção, defende uma regulamentação em relação às plataformas para que as políticas autoinstituídas não deixem brechas que prejudiquem a democracia.

As medidas implementadas pelas plataformas digitais, apesar de já significarem um avanço no combate à desinformação, ainda precisam de outros recursos para que a questão tenha menos repercussões nocivas à sociedade. Durante a pandemia, isso ficou explícito com a quantidade de informações falsas sobre a doença que circulou entre as pessoas e serve de exemplo para mostrar que apenas uma regulamentação partindo das empresas por detrás das redes sociais é insuficiente para tratar de um problema que envolve muitas questões políticas e sociais. Além disso, parece ser inseguro depender de tais empresas, que possuem políticas e interesses próprios, para regular esse problema tão sério.

Marina Braga
Estudante de Jornalismo
Estagiária de Comunicação na Pontos Diversos
Parceira Extraordinária da Marcô Comunicação

 

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