Influenciadores x influenciados: quem é você nessa fila do pão?

Todas as pessoas que estão ou não conectadas sabem que, para consumir algo (e aí vai do produto à marca passando por cultura e até propósito), é importante ter uma orientação ou sugestão daquele alguém em quem confia de olhos fechados. Só que talvez aquela pessoa para quem você foi pedir ajuda não domine tanto o assunto assim, então, é hora de partirem juntos para outras opiniões: demais amigos, consumidores, comentários nas redes, comerciais dos veículos de comunicação, influenciadores digitais…

O termo que é original dos americanos, “digital influencer”, chegou aqui já abrasileirado, porém com o mesmo significado: convencer, através de imagens e fala, por meio digital, o maior número de pessoas a consumir tal produto ou contratar determinado serviço. A influência, nas décadas passadas, muito antes de se pensar em ter o mundo na palma da mão, já acontecia quando se abria o jornal de domingo e encontrava Pelé numa página inteira, segurando uma pilha Raiovac. Ali se tinha certeza que o produto era eficiente e de qualidade. Ali, em 1970, Pelé já era um influenciador e tantos outros bem antes disso. Diante do poder dos influenciadores, surgiu a denominação do Marketing de Influência, que identifica os atores decisivos na intenção de compra de produtos e serviços e foca ações neste público.

Tivemos também o “boom” das redes sociais, o formato de “influência” foi remodelado e a quantidade de quem a utiliza aumentou exponencialmente. É chegada a hora dos blogueiros (que deixou de ser “falta do que fazer” para muitos e já emprega milhares de pessoas mundo à fora, ganhando o reconhecimento de uma parcela daqueles que criticavam) fazerem seus nomes e firmarem parcerias temporárias ou não com diversas marcas, que por sua vez encontram um viés economicamente sedutor e interessante para o aumento das vendas, redirecionamento de público ou o que quer que desejem. Explico.

Se antigamente para se fazer uma propaganda de um produto/marca era necessário desembolsar milhões para atores/personalidades públicas, produção de vídeo (roteiro, gravação, edição e veiculação), outdoors, publicação em jornais e revistas, hoje gasta-se menos (eu não disse pouco nem discuti eficácia) com o alcance das redes. O mesmo ator/personalidade, que atualmente também pode ser um influenciador, agora digital, faz as publicações em seus perfis usando o produto, escrevendo sobre ele e indicando que você faça o mesmo. A cadeia de produção mudou o formato, assim como a sociedade de consumo, mas a forma da recepção continua a mesma.

As maneiras de se fazer influenciar não dependem exclusivamente do digital nem do “grande”, mas também de outros fatores. Certamente sua avó usava determinada farinha de trigo pra fazer aqueles bolos fofinhos que você comia quando criança. Sua mãe usava a mesma farinha e com certeza você opta por ela dentre outras inúmeras marcas. Sua avó, mesmo que sem querer, te influenciou a ser cliente cativo daquele produto. A memória afetiva fala mais alto e por mais que existam outras marcas “melhores”, o sabor da infância vai prevalecer.

Então, se alguém elogiar o seu cabelo, quiser saber qual o shampoo ou o condicionador você usa e a sua opinião sobre eles, (geralmente vem acompanhado das perguntas: “Qual é a marca? Onde você compra? Quanto foi?”), saiba que você também é um(a) influenciador(a). Todos nós somos influenciadores e influenciados em algum nível. Digitais ou não. Afinal, a tal propaganda boca a boca continua sendo muito eficaz em todo o mundo. E aí, é global mesmo!

Maiana Marques
Jornalista e fotógrafa na Marcô Comunicação
MBA em Marketing Estratégico em curso

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